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A Cultura do Café na Grécia
Vamos fazer uma pequena viagem no tempo para aprender sobre a cultura do café na Grécia.
Publicado em Outubro 22, 2021
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Tassia B. Sita
Especialistas em café@The Coffee Lab
Existem países que desenvolveram culturas cafeeiras específicas, e que influenciaram o cenário cafeeiro internacional, como a Itália. Pode ser que a Grécia não tenha inventado a máquina de café espresso, mas certamente desenvolveu a sua própria cultura do café.
O café sempre foi muito popular na Grécia - afinal, o país está entre os quinze que mais o consomem café per capita em todo o mundo - já que o consumo de café na Grécia chega a 5,5 kg por pessoa por ano.
As raízes do café na Grécia remontam a muito tempo atrás. Uma coisa a se notar são as diferentes bebidas de café que foram desenvolvidas, mas também os hábitos especiais que envolvem o consumo do café. Esses hábitos dizem respeito ao preparo e ao consumo do café, mas também à importância cultural e social que o café gradualmente conseguiu entre os gregos - importância esta que ainda hoje se mantém.
A Primeira Vez que os Gregos Provaram o Café
A primeira experiência dos gregos com o café data de quando eles faziam parte do Império Otomano. Como em outras partes desta região, na Grécia a preparação tradicional do café em um Ibrik começou já no século XIX, ou talvez até antes.
Na Grécia, junto com os demais países dos Balcãs, esse café continuou sendo o protagonista da cena cafeeira do país, quase até o final da Segunda Guerra Mundial.
Naquela época, os gregos chamavam esse café de “café turco”. No entanto, a invasão de Chipre pelos turcos e as relações tensas e hostis entre os dois países levaram à adoção do nome "café grego". As empresas de café gregas da época conseguiram essa mudança por meio de campanhas publicitárias direcionadas.
É tradicional servir o café com uma pequena delícia turca ao lado
O Café Grego e as Primeiras Cafeterias
O café grego, com seu aroma especial e sabor espesso e pleno, foi a bebida mais popular desde a criação do Estado grego até a Segunda Guerra Mundial. E foi então que gradualmente foi deixada de lado.
Em meio a isso, o café tinha consolidado a base para o desenvolvimento do primeiro pilar da cultura do café grego: o “kafenio”.
O primeiro modelo de estabelecimento que servia café na Grécia foi sem dúvida o “kafenio”, palavra grega para café. Os primeiros cafés foram abertos na Grécia durante os últimos anos do domínio turco, e serviam café grego, bebidas, e alguns doces.
Apesar dos anos que se passaram, essas cafeterias não evoluíram muito. Elas continuam sendo simples lugares populares, onde principalmente os clientes do sexo masculino se reúnem e jogam cartas ou conversam sobre política.
Tradicional cafeteria grega
A Influência da Europa na Cultura dos Cafés Gregos
Por volta do final do século XIX, começaram a surgir cafés mais luxuosos, onde as mulheres também eram bem-vindas. Estas cafeterias tinham uma orientação mais europeia e caracterizavam-se por um maior apetite pela vanguarda e pela modernidade.
Esses cafés burgueses, e também as confeitarias de café, realmente fundaram as bases para um maior desenvolvimento do café na Grécia. Durante a década de 1960, houve um boom de cafeterias modernas voltadas para a geração mais jovem, e que serviam todos os tipos de bebidas.
O Café Como Estilo de Vida
Os cafés tradicionais e as cafeterias modernas existem atualmente, ao passo que, nos últimos anos, as cadeias de café também se tornaram muito populares.
Para a maioria dos gregos, o café não é apenas uma bebida, mas uma ocasião para sair com os amigos. É característico que, em contraste com os balcões das cafeterias italianas, os cafés gregos sempre têm mesas, já que uma xícara de café com os amigos dura em média uma hora e meia a duas horas - e muitas vezes, até mais.
Não é por acaso que a proposta de encontro mais comum, que marca o início de um novo relacionamento, uma nova amizade ou apenas um novo contato social, é a pergunta "Quer ir tomar um café?"
Por isso, o café pode ter se enraizado tão profundamente no cotidiano dos gregos, para além do sabor e das propriedades da cafeína: ele é um elemento coesivo de convivência, ocasião de socialização, e a forma mais barata e fácil de entretenimento.
A Invenção do Frappé
No final da década de 1950, o café instantâneo chegou à Grécia. Depois, durante a Feira Internacional de Salonica de 1957, um profissional da Nestlé misturou café solúvel com água fria, cubos de gelo, açúcar e leite, e inventou o frappé.
O frappé rapidamente se tornou a nova bebida favorita da jovem geração grega, e só saiu de seu trono no final da década de 1990. Sua invenção inspirou outras bebidas que se popularizaram no mundo todo, como o Frappuccino.
Na Grécia se Bebe Café Espresso
Embora a introdução do espresso na Grécia tenha ocorrido já na década de 1950, foi somente na década de 1990 que bebidas como o espresso e o cappuccino se tornaram populares entre o público em geral.
Duas variações gregas, o Freddo Espresso e o Freddo Cappuccino, que combinavam o sabor rico do espresso com a necessidade dos gregos por bebidas geladas e refrescantes, levaram ao declínio do frappé e à adoção quase universal do espresso.
O espresso tornou-se o novo hábito grego favorito, quer estejamos falando de um espresso simples, um cappuccino, ou suas versões frias.
Freddo Cappuccino à esquerda, Frappé à direita
A Grécia e a Terceira Onda do Café
Os primeiros anos do século XXI mostram que a cena do café grego está mais diversificada do que nunca. É um fato que hoje em dia os gregos são clientes muito informados e exigentes, que estão sempre à busca, a ler, a provar, e a ter uma opinião sobre o café que querem beber.
O café da Terceira Onda encontrou um terreno fértil na Grécia, e toda discussão que se desenvolve em torno do café sempre resulta em mais opções para o consumidor, mas também na melhoria dos serviços prestados.
Hoje em dia, você encontrará muitas cafeterias especializadas na Grécia, que oferecem cafés de origem única, mas também misturas exclusivas e várias bebidas, como um café coado, um café gelado, o café feito em cafeteira, e muito mais.
A única coisa que não mudou é o cerne da cultura do café grego. O café precisa de tempo e devoção. É uma diversão simples do dia a dia e sempre desfrutada com os amigos, seja um frappé à moda antiga ou um espresso italiano de qualidade. Uma coisa é certa, sejam quais forem as mudanças no caminho, os gregos sempre continuarão a amar o café!
Sobre o Autor
Tassia B. Sita
I'm Tassia, a 37 y/o Brazilian content writer and communicator, always ready to deliver great information about coffee, sustainability, and science in both English and Portuguese - but not before I grab my cup of coffee!
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